Julie, Agosto e Setembro, de Jarleo Barbosa, de 2011, é o primeiro filme da UEG a alcançar uma boa visibilidade nos festivais de cinema. Sua popularidade lhe rendeu reportagens nos jornais locais apontando a nova cara do cinema goiano. É certamente o filme da UEG mais assistido ainda hoje, com diversas cópias no youtube e licenciamento em streaming, rompendo a bolha dos festivais de cinema e do próprio cinema universitário.
O filme narra as desventuras amorosas de Julie, suíça que passa uns meses em Goiânia conhecendo a cidade e se enamorando de diferentes tipos goianos. Todo narrado em francês, ela apresenta a capital e os costumes locais a um espectador que não os conhece, com fascinação pelo local, pelo clima seco, pela comida. É um filme cartão-postal da cidade, com imagens do Coreto, da avenida Goiás, da Marginal Botafogo captadas a partir de um olhar que apresenta, que convida. Sua sensibilidade é própria de um Amélie Poulain, francesa, de romances juvenis sem maiores afetações, engraçadinho, com uma direção de arte incisiva, que reveste os ambientes com tons pasteis e estampas floridas. Não há nada fora do lugar nas internas, nada que faça parecer um espaço não-cenográfico. Tudo muito ameno, revestido de uma aura publicitária, turística. É curioso que o primeiro filme da universidade a sair do estado seja justamente aquele que dialoga nesta roupagem com o público de fora, invente uma Goiânia a partir do olhar do estrangeiro, bonitinha e fofa. Neste sentido, sua fotografia é o que mais revela essa imposição forçada de um filtro externo à cidade, trazendo-a em cores cinzentas e frias à tela, meio europeia, distante do intenso vermelho e amarelo que predominam nos meses de agosto e setembro. É uma ficção orgulhosa de Goiânia e do goiano, porém restritiva no quanto de realidade consegue invadir o quadro. É todo um roteiro pop que funciona em conjunto com imagens de apreensão imediata que o ilustra. Acerta em cheio na sensibilidade que homenageia, uma Goiânia idealizada como a Paris de Amélie.