A CÂMERA DE JOÃO (2017) - Texto 2

Direção: Tothi Cardoso
Descrição da imagem 1


A Câmera de João narra o menino João descobrindo a fotografia mais de uma vez, impulsionado pelo estímulo do avô que fora fotógrafo. Descobre também a cidade, a desobediência, a vontade, o riso de seu avô. Tem um ritmo de tarde tranquila, de infância boa, fotografia solar e música com sininhos de magia. Sem maiores percalços e conflitos, onde mesmo uma revelação final não é mais que uma reafirmação do prazer da imagem fotográfica, não guardando o peso da reviravolta.


Para o curta a fotografia pode ser descoberta muitas vezes. João a descobre no impulso de matar aula e depois novamente ao aprender a fazer sua máquina. O avô a redescobre quando ri ao passar os dedos pela foto que o neto relevara. Fotografia enquanto objeto que passa pelas mãos dos mais velhos aos mais novos e também no sentido contrário. E fotografia enquanto olhar de novo pro mundo, ver e rever a cidade um movimento de elucidação. Tudo num filme que é só sobre uma criança que desobedece para poder fotografar a cidade e, em um curioso reinício da trama, aprende a fazer ele mesmo todo o processo fotográfico. Tudo no tom prosaico doméstico cotidiano.


É um dos primeiros filmes goianos centrados em um núcleo familiar negro, não me lembro de outro antes deste. Tem também um baita travelling lateral, que não é pouco para filme nenhum.

Autor: Luciano Evangelista