"Japão", dirigido por Henrique Borela, é um curta-metragem documental que conquistou o Prêmio João Bennio de Cinema Goiano no FICA de 2021. Ambientado em Campos Verdes, no norte de Goiás, o filme documenta a vida de trabalhadores em uma mina subterrânea de esmeraldas.
O curta-metragem de Borela é uma obra profundamente imersiva, combinando elementos mais alinhados ao experimental. junto com uma narrativa documental. Desde o início, o espectador é desorientado pela escuridão da mina, onde a visibilidade é escassa e a sensação de claustrofobia é palpável. Borela também utiliza uma trilha sonora que oscila entre a música e o ruído, intensificando a sensação de perigo e a tensão constante que se instala no insalubre ambiente de trabalho dos mineiros.
A escolha de imagens escuras e movimentos de câmera turvos contribuem para a sensação de imersão. É como se o espectador pudesse sentir a mesma pressão vivida pelos trabalhadores, como a cena em que a água entra no túnel: angustiante.
Além da estética, "Japão" também se destaca, também, por um elemento mais poético, com a inserção de mineiros fantasmas que morreram tragicamente em acidentes na mina durante as filmagens, o que adiciona uma camada de melancolia e desconforto ao curta, como um lembrete constante dos perigos do trabalho nas minas.
"Japão" tem uma abordagem criativa capturando a essência da vida subterrânea, oferecendo um retrato reflexivo, claustrofóbico e desconfortável sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores que, no subsolo, anseiam por um futuro melhor.